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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um tempo.

Houve um tempo em que eu ganhava a tarde ouvindo a chuva escorrer pelo telhado acinzentado de minha casa, debruçado em um colchão velho e macio com uma vela e um fósforo no bolso. Um tempo em que ficava olhando as angulações que as gotas d’água faziam ao sopro do vento quando desciam embebidas de vida para doar ao chão fertilidade. Um tempo em que eu respeitava os trovões e me escondia dos espelhos. Hoje em dia me sinto forte o bastante para não ter mais respeito pelos trovões nem admiração pela chuva. E toda vez que ela se aproxima de mim, não a enxergo, não a noto, não a toco. Estou impermeável à vida. Troquei os lampejos dos trovões pelas lâmpadas de led. Uma troca justa para quem não tem mais nenhum tempo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não questionando a beleza do texto, muito bem escrito, por sinal, mas acho muito triste que as pessoas não tenham mais tempo para apreciar as coisas simples e belas.
Contudo, sempre encontramos tempo para aquilo que consideramos importante... Não seria o caso do autor fazer uma crítica a falta de sensibilidade do homem moderno ocasionada pelo ritmo acelerado de vida dos grandes centros urbanos em detrimento da natureza que o cerca ou deveria cercar?

Becken disse...

Bem, Sheila, a intenção era esta... Você foi ao ponto! Obrigado pelo elogio! Você também escreve bem. Tem algum texto, algum blog? Em caso positivo, deixe-me o endereço. Forte abraço.