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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um dia de chuva


Hoje o dia se transmutou à tardinha.
E fez transbordar as calçadas vazias.
As águas foram chegando bem devagar.
Gota a gota.
E um céu aberto se viu tomado por nuvens fortes e intensas.
De cores vivas. Adoro cores vivas...
O céu ficou banhado por uma cor cinza.
Um cinza vivo. Azul, tão azul que só deixava de ser cinza-azul quando vinha um relâmpago e abria o céu, incendiando-o com um estampido.

Da varanda do meu apartamento eu vi a alegria.
A alegria das plantinhas sem dono que carecem dos cuidados do tempo.
A alegria das crianças chutando poças d’água.
A alegria das cobertas esquecidas nas camas sonolentas...
E os espelhos cobertos me fizeram lembrar o meu tempo de menino no interior e me voltaram para o meu interior.

Hoje foi um dia de paz.
De só querer ouvir e contar os trovões.
De sentir aquele vento tocar levemente a face e me lembrar as alturas chapadinas.
Foi um dia para olhar os prédios submersos e a dança frenética dos galhos das árvores que sonham em tomar uma direção, mas são impedidos pelas suas raízes.

Hoje foi um dia de muito trabalho para os semáforos que, enamorados, piscavam amarela e desesperadamente para os automóveis.
Mas também para as formigas aladas que fugiam dos pingos céleres.
Hoje foi um dia de ascensão das cigarras e sua orquestra estonteante e também foi um dia de queda das folhas amarelas.
Do chão brotavam essências como uma virgem que, arada e penetrada por um homem, germinou
Hoje foi um maravilhoso dia de chuva...